A Ambrosia cá de casa tinha pedido antes de mim uma tosta de queijo com manteiga. Pedido fácil de lembrar. Só uma tosta. Dirijo-me então ao balcão, e a senhora começa num lento e demorado processo a contar moedas. Assim, do nada. Moedas daquelas pequenas, pretas. E claro, conta-as uma a uma, coloca-as na bancada, o som horrível do metal no metal a arrepiar-me os dentes.
Espreito lá para dentro da cozinha, a ver se detecto outra empregada por ali. Algumas passam a conversar, uma arrasta uma saca de batatas. Lá vão as batatas, lá vai a empregada faladora, e eu à espera que aquela que conta as moedas se lembre que estou ali. Acaba a tarefa, levanta aqueles olhos pequeninos e deslavados e, ignorando-me completamente, pergunta lá para o fundo do bar à Ambrosia de que era a tosta. Cérebro pequeno o da mulher, gaita. Já nem sabe o que lhe tinha sido pedido uns minutos antes, com ou sem moedas à mistura.
- De queijo, com manteiga.
E só então é que a senhora lá vai (devagar, devagar) pôr a tosta a fazer. Antes limpa a tostadeira, gestos lentos, cuidados e eu à espera. A das batatas já se tinha escondido. Nada a fazer, só aquela imbecil é que me podia atender.
Finalmente, lá vem ela. Devagar, devagarinho, que isto de servir atrás de um balcão é uma valsa compassada, os passos bem medidos para que ninguém julgue que ela se está a esforçar muito. Mal de nós pensar isso! Só me apetece voltar-lhe as costas, mas enfim, muito tranquila lá lhe peço o meu queque de noz. Até me soube a ineficácia, aquele.
Mulherzinha irritante…