quarta-feira, outubro 17

The one and only

E agora a história do Espantalho de Oz.

O espantalho foi o primeiro dos amigos que Dorothy fez na Terra de Oz, na sua saga pelo caminho amarelo, em busca de uma casa que afinal ficava a uns sapatinhos vermelhos de distância. Se ela soubesse isto, aposto que nunca se teria posto a caminhar sozinha por aquele trilho cheio de coisas estranhas, só com um cão raça porta-chaves como guardião. Mas podia lá ela adivinhar o poder que aquelas sabrinas com brilhantes vermelhuscos tinham...

Estava a Dorothy em busca da Cidade de Esmeralda quando ouviu qualquer coisa a mexer num campo de milho, onde encontrou o nosso caro espantalho. Que não tinha cérebro. Ou assim julgava ele. Pelos vistos tinha, porque sabia dançar, e para dançar precisa-se de um cérebro, ainda que não muito evoluído, mas ainda assim um cérebro. E não feito de palha, como o dele. Um dos verdadeiros, dividido em lobos uivantes e com sinapses, neurónios e tudo o que um cérebro dos bons implica.

E o brainless espantalho lá foi com a menina perdida, os dois novos amigos seguindo alegremente pela estrada fora, encontrando depois outros dois personagnes, também eles com falta de qualquer coisa que pelos vistos sempre tinham tido all along (assim o dita a moral da história). No fim de toda a aventura, no fim de canções infindáveis com aquelas gentes pequenas e de macacos que voavam, no fim de destruírem o farsante do Feiticeiro de Oz, o espantalho é nomeado reinante, imperador, presidente do reino de Oz. Isto, claro, porque ele já tinha demonstrado possuir um cérebro, ninguém vai reinar um sítio tão esplendoroso e com fadas tão bonitas como a Gilda sem saber pensar; o seu problema era falta de confiança e o cérebro tinha lá estado o tempo todo. Termina em bem a história deste amiguinho da Dorothy.

Segundo o wikipédia, o espantalho na história de L. Frank Baum (autor dos vários livros sobre Oz) é na verdade uma alegoria muito alegre aos agricultores norte-americanos. Porque eles também eram como o espantalho. Muito inteligentes, sim senhor, com um senso-comum forte e sabedoria infinita, só precisavam de um empurrãozito. "(...) the popular image of the American farmer—although he has been persuaded that he is only a dumb hick, he possesses a strong common sense, remarkable insight and quick-wittedness that needs only to be reinforced by self confidence."

Ah, e curiosidade final: no filme cortaram algumas cenas que indiciavam um possível romance entre a Dorothy do Kansas e o Hunk (o agricultor da quinta dos tios e que supostamente era o espantalho no sonho dela). Bem me parecia que ela preferia o espantalho aos outros enlatados ou leões pouco corajosos.

Eu também o prefiro, o espantalho. Sabe dançar :)


2 comentários:

Ricardo Cruz disse...

Esta deve ser a página web onde mais vezes esta escrita a palavra "espantalho" :)

Joana, ganhaste o meu respeito... Como é que a palavra "espantalho" pode dar tanta conversa?

Joana disse...

É verdade, consegui a proeza de escrever 10 vezes espantalho num só texto!

Na verdade, esta palavra não dá assim para muita conversa, e o facto de aparecer tanta vez dá conta do conteúdo recheado e rico deste blog :P